Audiência pública busca desmistificar autismo em Caruaru
Desmistificar o autismo para promover a inclusão foi intenção da audiência pública ocorrida, hoje, na Câmara de Caruaru. A iniciativa de reunir profissionais especialistas no tema para se discutir as dificuldades enfrentadas pelos pais e principais limitações das escolas do município sejam da rede pública ou particular, para atender as crianças com deficiência – especialmente as diagnosticadas com espectro autista, partiu do gabinete do vereador Fagner Fernandes.
Todos os especialistas foram categóricos em afirmar que o diagnóstico da condição não é uma sentença. E que é preciso pensar políticas públicas e ações que enxerguem esses indivíduos como os seres que merecem um cuidado integrado para potencialização de suas habilidades e tratamento de suas inabilidades, independentemente do seu grau de deficiência e da área que precisa de atenção: seja para o desenvolvimento do seu relacionamento interpessoal, da comunicação, ou aprendizado cognitivo.
A representante da OAB Caruaru e presidente da comissão de defesa das pessoas com deficiência, Nayara Nogueira, destaca a individualidade do tratamento, lembrando a necessidade de se harmonizar o atendimento de saúde com o direcionamento educacional da rede regular. “Quando você tem uma alteração cardiológica, você não vai a um ortopedista se tratar, da mesma forma acontece com o autismo. Não são todos os profissionais que podem realmente auxiliar no desenvolvimento da criança, daquele adolescente ou adulto”, afirma Nayara ao tratar da equipe multidisciplinar que deve estar a serviço da especificidade apresentada pelo paciente.
Já a psicóloga que trabalha para as sedes de promotorias de Caruaru e representante do Ministério Público na ocasião, Leilane Paixão, que estava presente para coletar as demandas apresentadas durante o debate, afirmou que a principal preocupação do MP era com a permanência dessas crianças nas escolas, já que a barreira não é mais a matrícula. “A lei 12.764 de 2012 prevê acompanhantes especializados para os autistas que necessitarem, porém as escolas ainda estão com dificuldades de prover esses profissionais. Quando existia esse acompanhante especializado, foi visto que era muito mais era um condutor dessa criança, para levar ao banheiro e acompanhar em alguma atividade, do que realmente alguém estava ali para facilitar um dos principais problemas da criança autista, que é a que é questão da interação social, e da comunicação. E uma das dificuldades é que essa lei não especifica o tipo de formação que esse acompanhante deve ter, relata Leilane.
O momento rendeu reflexões aprofundadas e bem embasadas e mães de autistas também puderam deixar a sua contribuição, junto com especialistas e demais representantes voluntários da causa. O vereador Leonardo Chaves, parabenizou a inciativa de colega ao propor a audiência e chamou a atenção para a possível causa da dificuldade de encontrar profissionais especializados para servirem de acompanhantes desses meninos e meninos que necessitam desse cuidado nas escolas: “a gente sabe que a legislação determina que seja um profissional qualificado (...) mas eu pergunto, quem é o profissional qualificado que vai para a escola trabalhar nessa função ganhando um salário mínimo.” Questão deixada no ar, segundo o próprio Leonardo, como para que futuras providências nesse quesito sejam tomadas.
A reunião, que foi presidida pelo parlamentar Presbítero Andrey Gouveia, ainda contou com a presença e participação de Fabiana Monteckio, mãe e membro do Grupo Anjo Azul e Rebecca Brayner, coordenadora de saúde mental em Caruaru. Todo o conteúdo dessa audiência poderá ser acessado diretamente pela página do Poder Legislativo de Caruaru no facebook, que transmitiu ao vivo todo o evento.