Audiência pública debate igualdade racial em Caruaru

por Victor Vargas — publicado 13/05/2015 00h00, última modificação 11/10/2024 08h25
A Câmara Municipal de Caruaru sediou, na manhã desta quarta-feira (13), uma audiência pública sobre a igualdade...

A Câmara Municipal de Caruaru sediou, na manhã desta quarta-feira (13), uma audiência pública sobre a igualdade racial no município. A audiência foi realizada pelo Conselho Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial de Caruaru – COPPIR. A data – 13 de maio – foi especialmente escolhida pela sua importância: foi neste dia, em 1888, que a regente do país, a Princesa Isabel, assinou a chamada Lei Áurea, abolindo oficialmente a escravidão no país.

Na audiência, além dos vereadores e membros da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos da Câmara e os conselheiros , também estavam presentes representantes de várias instituições, como as secretarias municipais de Participação Social, Especial da Mulher e Direitos Humanos e de Saúde; o delegado da Polícia Civil Flávio Pessoa; o juiz Gilvan Florêncio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Caruaru; integrantes do grupo de capoeira Falcão Negro; alunos da Escola Prof. José Bione Araújo, do Bairro do Salgado; e a gestora Alda Matias, do Colégio Municipal Álvaro Lins, que trouxe seus alunos para uma apresentação cultural.

Na roda de debates temas como o “Sistema de cotas raciais na universidade e serviço público – sua importância para os afrodescendentes”, exposto pela Profª Michele Guerreiro Ferreira, graduada em Ciências Sociais e especialista em História do Brasil pela FAFICA, mestra em Educação Contemporânea e membro do Grupo de Estudos Pós-Coloniais e Teoria da Complexidade pelo Centro Acadêmico do Agreste/UFPE. As conselheiras Lucimary Passos, que também é advogada, e a Profª Teresa Raquel Silva, do Movimento Mulheres em Luta, falaram sobre a participação social do negro nas esferas nacional, estadual e municipal. “O Brasil é um país racista”, afirmou a Profª Teresa Raquel, ao mostrar os dados colhidos, que refletem o quão pouco representativa ainda é a presença do negro em praticamente todas as áreas sociais.

“O Conselho de Igualdade Racial vem justamente mostrar à sociedade que não existe diferença de cor, de raça ou de etnia. Todos somos iguais. Esperamos conseguir isso lutando contra todos os preconceitos e defendendo, por exemplo, a visibilidade da Lei Federal nº 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas”, disse a secretária executiva do conselho, a ekedi (zeladora dos orixás, no candomblé) Rose d’Oxum.

O vereador Marcelo Gomes (PSB) também acompanhou a audiência. “Este é um debate primordial para a sociedade, que nos leva a refletir sobre o nosso dia a dia e o que deve ser feito para melhorar a nossa sociedade e torná-la igualitária, onde todos os cidadãos tenham os mesmo direitos e deveres”, frisou o vereador.

O vereador Nino do Rap (DEM), presidente da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Caruaru e incentivador de movimentos sociais, principalmente involvendo a juventude da periferia, considerou os debates proveitosos. “Esse é um momento em que nós, parlamentares, estamos interagindo mais com as questões sociais, como a desigualdade racial, que infelizmente ainda é muito grande na nossa sociedade. Eu, como negro que sou, também sofro muito com esse preconceito, mesmo sendo um parlamentar. Mas acredito que todos estamos aprendendo cada vez mais com o sofrimento que o negro ainda tem dentro de nossa sociedade e assim temos a chance de criarmos políticas mais justas e inclusivas”, declarou o vereador.

Gabriela Kopinits – Guanabara Comunicação/AscomCâmara
Foto: Vladimir Barreto/AscomCâmara
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